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Cosme e Damião, cadê Doum?

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Cosme, Damião e Doum - Ilustração de Aline Bispo Qual a influência das  ausências das práticas ritualizadas em uma pessoa, em um grupo de pessoas, em uma cidade? Chega Setembro e aqui na Bahia sempre a gente pergunta de maneira bem-humorada: cadê meus convites para os carurus de Cosme e Damião, cadê os banquetes dos Erês? Sou menino, comilão, negro, nasci na periferia de Salvador, portanto os atributos perfeitos para garantir presença certa naquele ritual maravilhoso dedicado aos santos católicos que foram embebidos pelo dendê, pelos alimentos afrodiaspóricos - do quiabo ao inhame - e pelas espiritualidades cruzadas fruto da violência colonial.  Rua onde vivi boa parte de minha infância O tempo passou e eu saí da periferia. O evento feito para pagar promessas compartilhando comida com crianças e divindades ancestrais - Ibeji é o orixá litúrgico no Candomblé que protege as crianças, sincretizado com os gêmeos Cosme e Damião -  se tornou cada vez mais escasso aos meus olhos, à minha líng