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Mostrando postagens de junho, 2020

Negro eu sou, índio eu sou, diz aí quem é você

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             Mainha e painho no dia do casamento deles, em 1978 Por Leo Pessoa      Em Março de 2015, uma camisetaria de Juiz de Fora, Minas Gerais, me convidou para participar de uma campanha publicitária para o dia do consumidor. A peça tinha como objetivo, além de aumentar as vendas, estabelecer um nome específico ao consumidor da camisetaria. O slogan da peça era Não ao dia do consumidor . Baseado nas minhas fotos do Facebook eles fizeram uma arte. Nessa arte havia uma imagem que me representava. Quando observei a arte, fiquei uma tanto quanto chocado. Estava representado como negro.   Arte da camisetaria             Apesar de, desde sempre, ter sido chamado de moreno, até então, em nenhum momento da minha vida, havia me enxergado como negro. Mantive contato com as pessoas que criaram a arte e elas eram brancas.  Na infância quando criança era como o xamêgo da música de Luiz Gonzaga: ninguém sabe se ele é branco, se é mulato ou negro. As minhas primeiras reflexões sobre ident

Meio urbano, consumo e trabalho: uma caminhada na penumbra do novo e da rejeição ao normal*

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A luz realça as cores de tudo o que vive e desbota o que não é animado. O sol acende os vivos e apaga os mortos. José Eduardo Agualusa   Vida sem utopia Não entendo que exista Caetano Veloso Por Leo Pessoa * texto elaborado para a palestra proferida no V Encontro Meio Ambiente em Discussão promovido pelo Ifbaiano Guanambi           Em uma entrevista ao El País , o cineasta estadunidense Spike Lee definiu, através de uma alusão bíblica cristã, que o mundo será dividido em AC/DC (Antes do Coronavírus/ Depois do Coronavírus). Se para os cristãos existe um evento, pontual no tempo e localizado no espaço, definidor e alterador dos rumos da humanidade em antes e depois, dois mil e vinte anos depois, esse evento que pode definir e alterar nossos rumos não está sendo tão pontual no tempo, já dura dezenas de semanas, e é globalizado no espaço, estamos falando da pandemia da Covid-19.               O antropólogo Tim Ingold dedicou um livro inteiro para entender o que   é estar