Perambular é um convite à permanência





 As atividades de movimento no urbano, como o caminhar, se tornam mais possíveis e interessantes quando há espaços para parar e ficar por um determinado tempo. Mobiliários urbanos presentes na cidade podem nos convidar à pausa, à permanência, à habitação dos espaços abertos. Paradas mais longas ao ar livre são fundamentais para a existência de cidades vivas.  

Os bancos são alguns dos exemplos de mobiliários que nos convidam a parar. Diante de uma vista atraente, os assentos servem para sentir o lugar, ver e ouvir uma paisagem, observar o movimento, contemplar os acontecimentos, ou apenas para dar uma parada e recuperar o fôlego, seguindo adiante.

Contudo, na hora de projetar e implantar esses mobiliários, é necessário pensar em alguns elementos, como conforto, clima e materiais. Na imagem acima, por exemplo, é possível observar diversos bancos feitos em granito, em uma área onde quase não há sombra ao longo do dia. O que era para ser um convite à permanência, se torna um fardo em razão do material extremamente quente e desconfortável utilizado. Além disso, não há encostos ou braços que facilitem uma boa acomodação. Não há dúvidas de que são bancos extremamente desconfortáveis.

Mas, ainda assim, para observar a praia, a chuva caindo lá no Atlântico e parar um pouquinho, uma pessoa se acomodou, tentando amenizar a quentura do banco com um tecido. A cidade é esse espaço que pode convidar as pessoas a habitá-la. Nesse caso, o convite foi muito malfeito. O urbanismo dos designers e arquitetos que projetam a cidade sem conhecê-la, muitas vezes nos coloca na posição de ter de atravessar a fronteira do que está posto, ou seja transgredir, a ausência de compromisso com a qualidade urbana, nos espaços abertos da cidade 


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